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Ofuscante A Beleza Que Eu Vejo

by Jair Naves

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1.
Tende a piorar antes de melhorar Como ousam relativizar tamanha monstruosidade? Quão baixo se deixaram levar? E se eu te vingar? E se essa dor for impossível de assimilar? Dizem que perdoar é uma libertação, mas eu ainda não cheguei lá Nos meus sonhos revanchistas, sanguinária a minha justiça Não foi por falta de aviso Essa corja ufanista, a audácia desses parasitas Não foi por falta de aviso E se o meu chão rachar? E se eu perder o meu brilho, mais e mais? Triunfante ao fracassar ou fracassando ao enfim triunfar Uma constatação aleatória me vem à mente agora e me distrai A partir do meu próximo aniversário, eu já terei vivido mais do que o meu pai Por que ele se foi tão moço? Por que a gente dura tão pouco? Cada dia é precioso, cada dia é precioso Cada dia é precioso, eu não sei a quem pedir socorro Não foi por falta de aviso Meu ódio é meu calabouço, eu não sei a quem pedir socorro Não foi por falta de aviso Por um minuto de conforto, a gente se joga no lodo da nostalgia, do potencial que se tinha, do “feliz e não sabia” Mas tão precioso é o novo dia Tão precioso é o novo dia, tão precioso é o novo dia, tão precioso é o novo dia, tão precioso é o novo dia Tende a piorar antes de melhorar Dizem que perdoar é uma libertação, mas eu ainda não cheguei lá
2.
Presta atenção que os sinais já são suficientemente claros Eu reconheço os riscos Ah, eu fujo do que eu sinto Codificando o que não se ousa ser dito, será que é mesmo tão reprovável que eu sinta o que eu sinto? Ah, por que eu sinto o que eu sinto? Presta atenção que os sinais já são suficientemente claros Ah, eu fujo do que eu sinto Por que eu sinto o que eu sinto? Eu nunca aprendi a domar meu temperamento De novo, eu explodo E logo me arrependo Presta atenção nos sinais, será que é mesmo tão reprovável que eu sinta o que eu sinto? Ah, por que eu sinto o que eu sinto? Ah, só eu sei o que eu sinto A conta não fecha Todo o meu empenho, nem além, nem aquém todo o meu empenho, essa é a chance que eu tenho Todo o meu empenho, nem além, nem aquém todo o meu empenho, é ofuscante a beleza que eu vejo Não se acanhe, eu te entendo Não se acanhe, eu te aceito
3.
De Arder 04:49
Violenta a ilusão que me fascinava sem eu imaginar o que me aguardava, como quem atravessa correndo uma porta de vidro achando que ali não havia nada Obsessão antiga que se arrasta, minha ideia do que é ser livre me ancorava até eu cair em mim Presa fácil para o obscurantismo Muito do que já me pareceu urgente a ponto de arder não tem mais resquício de urgência alguma A truculência enquanto linguagem universal Consciência formigante, grávida radiante Eu devo ou não ir adiante? Lado meu que eu jamais vi antes Deixa a televisão no mudo, eu não suporto a voz desse demente Deixa a televisão no mudo, quem fez desse cretino um presidente? Minha ideia do que é ser livre me ancorava, sendo que liberdade é só a distância entre caçador e caça
4.
Vai 05:08
Vai, pode ir eu compreendo ninguém vai te culpar por desistir Vai, se desprende de mim eu aguento não tem que doer mais do que já dói Foi por boa vontade que eu projetei o que não devia em você? Quanta ingenuidade, o que eu esperava em troca? A gente custa a crescer, se recusa a entender eu fui até onde eu pude Uma coisa é acolher, outra coisa é prender eu cedi até onde eu pude A gente custa a crescer, se recusa a entender eu fui até onde eu pude A essa altura, ter razão não me traz alívio algum, não me traz conforto algum Vai, pode ir eu compreendo ninguém vai te culpar por desistir Vai, se desprende de mim eu aguento não tem que doer mais do que já dói Foi por boa vontade que eu projetei o que não devia em você? Quanta ingenuidade, o que eu esperava em troca? A gente custa a crescer, se recusa a entender eu fui até onde eu pude Uma coisa é acolher, outra coisa é prender eu cedi até onde eu pude A gente custa a crescer, se recusa a entender eu fui até onde eu pude A essa altura, ter razão não me traz alívio algum, não me traz conforto algum Era só ligar os pontos, era só verbalizar o incômodo, era só readequar os planos, era só não deixar o mal-estar vence
5.
Com olhos calmos e infantis, fez eu me sentir visto como jamais eu me senti Eu achei que me decifraria em frações de segundo Desvendaria o que eu julgava ser o mistério mais profundo Um teatral fervor religioso tão falso quanto espalhafatoso Argumenta que a fé lhe proporcionou um renascimento Uma tática eficaz, mas que não me engana nem por um breve momento Que a maldição se encerre em mim E eu já vi toda espécie de reação Há quem compre essa conversa, há quem não Da minha parte, eu posso dizer que conheço bem o tipo Tantos vermes que se apresentam como uma reencarnação de Cristo Que a maldição se encerre em mim Forçado a se apequenar, você se vê forçado a se apequenar Os patrões a quem eu me afeiçoei, como será que eles me veem? Aqui se encerra, a maldição em mim se encerra
6.
Abre as cortinas que o sol avance Existe vida não se esconde Eu aprendi desde tão cedo os fracos só atacam ao farejar medo Você me resgatou na hora mais sombria Tem algo de redentor na luz que só você irradia Sacrificado e exibido como exemplo a não ser seguido Eu sou sagrado, eu sou mais que os meus erros ainda que eu tenha me castigado por tanto tempo Você me resgatou na hora mais sombria Tem algo de redentor na luz que só você irradia De madrugada, tudo em suspenso, você já se assustou com seus próprios pensamentos? Porque eu acordei e não quis voltar a dormir para não desembocar de novo naquele sonho ruim Você me resgatou na hora mais sombria Tem algo de redentor na luz que só você irradia Abre as cortinas que o sol avance Ainda existe vida, não se esconde Você me resgatou na hora mais sombria Tem algo de redentor na luz que só você irradia
7.
Mostre algum arrependimento, qualquer sinal de desilusão Seria a sua redenção, seria a sua redenção Ver em você um carrasco voluntário, coautor de tanta destruição Me faz querer a sua redenção, eu torço pela sua redenção Perdoa a minha indiscrição Eu devia estar calejado, mas nunca se está preparado Quando eu me fiz estrangeiro, eu provei a mais aguda solidão Me corta o coração, me corta o coração E essa empolgação ingênua nos seus planos de imigração Me corta o coração, me corta o coração Perdoa a minha indiscrição Eu devia estar calejado, mas nunca se está preparado Algo em mim despertou, algo em mim despertou Nunca mais eu fui o mesmo A vida tem uma métrica difícil, uma hora você perde o ritmo, o fôlego ou a afinação Mas ainda se canta a canção, ainda se insiste na canção Cada um tem a sua missão Eu devia estar calejado, mas nunca se está preparado Algo em mim se quebrou, algo em mim despertou Morre um apaziguador, nasce um saqueador Nunca mais eu fui o mesmo
8.
Vociferando 05:12
(No meu íntimo) (Eu preciso) (Síndrome de impostor) (Cego de raiva) (Meus pensamentos) (Meus pensamentos embaralhados) (Fingindo calma, fingindo que sabe o que faz, fingindo que não se preocupa com…) (Deslumbrado) (Eu preciso, eu preciso, eu preciso, eu preciso urgentemente) (O que desencadeou?) (É só uma superstição) A enormidade da necessidade (no meu íntimo) de fazer parte de ser acolhido de ser bem visto de ser bem-quisto (sem filtro nenhum) de ser imprescindível Me asfixia me liberta me incendeia (vociferando) me congela (no seu íntimo) de uma só vez (o que desencadeou?) Me paralisa (síndrome de impostor) me inquieta Eu me fechei, eu me tranquei, eu me fechei Nessa vida desfigurada, eu me isolei Tudo se perdeu de vista, tudo se perdeu de vista Eu me fechei, eu me tranquei, eu me fechei (e se eu mudar de ideia?) Nessa vida desfigurada, eu me isolei Tudo se perdeu de vista (um por um), tudo se perdeu de vista (Falaram para eu pegar o elevador de serviço, Falaram para eu só usar o elevador de serviço O elevador de serviço) (Vociferando) Essa nova realidade ainda me parece inverossímil, mas com que impressionante força se impôs (Tudo embaralhado) (Uma estátua sua) (Meus pensamentos todos embaralhados) (Um grande emaranhado) (Pensamento corrosivo, é corrosivo)
9.
Já não se permite que eu sonhe Já não se permite que eu sonhe Já não se permite que eu sonhe De quem eu herdei meu nome? A brutalidade que irrompe Não espere perdão (eu me vi zonzo de fome) Não espere perdão, não conte com o meu perdão Eu me vi zonzo de fome, cambaleando sem saber para onde A chuva daqui é a mais pesada que eu já senti, a chuva daqui é a mais gelada que eu já senti E por mim, tudo bem Com você tudo é tão intenso, não tem como eu sair ileso Com você tudo é tão intenso, não tem como eu sair ileso Minha vista fraca, minha cabeça cansada, as notícias ruins vindo de enxurrada Eu não quero saber de mais nada, eu não quero saber de mais nada É quase um milagre que você exista É maravilhoso que alguém como você exista Por hoje, isso pra mim basta eu não quero saber de mais nada A chuva daqui é a mais pesada que eu já senti, a chuva daqui é a mais gelada que eu já senti E por mim, tudo bem Com você tudo é tão intenso, não tem como eu sair ileso Com você tudo é tão intenso, não tem como eu sair ileso
10.
O Dialeto 02:35
Nem tenta tirar o corpo fora agora, você e o seus Nem tenta tirar o corpo fora O pessimismo mais extremo se solidifica justificável, inescapável, inquebrantável A imagem que me ocorre nesse momento é de um filhote com a coleira na boca eufórico e inconsequente, conduzindo o a si mesmo sem ter ideia do que está fazendo De cabeça erguida, orgulhoso, incapaz de se dar conta do abismo para o qual se dirige Chegava a ser palpável todo o seu incômodo com o dialeto dos empregados, com a o euforia dos assalariados, com a desaforada ascensão dos subordinados Deu no que deu Nem tenta tirar o corpo fora agora Essa histriônica horda de fanáticos faz Deus parecer sádico Armou-se acidentalmente uma barricada de corpos desafortunados em frente à minha porta De forma que eu acho que aqui eles não entram E se entrarem, um dos lados vai ter uma baixa Ou eles, ou eu Deu no que deu E esse peso no meu peito? Nem tenta tirar o corpo fora agora
11.
Breu 05:54
Começou faz umas duas semanas. Da noite para o dia, ele ficou muito mais recolhido do que de costume. Tudo assustava ele. Qualquer som fazia ele perder a paz. A cada passo temeroso que ele arriscava, eu notava uma insegurança que ele nunca tinha mostrado antes. Não demorou para que eu entendesse qual era o problema: ele estava no meio de um processo inesperado de perda de visão, que se acentuou drasticamente do nada. À medida que a percepção visual dele ficava mais nebulosa, embaçada, indefinida, sua alegria também sumiu. Nossos pequenos rituais não eram mais possíveis. Tentei interagir com ele como sempre fiz desde os primeiros dias em que estivemos juntos, obviamente de uma forma mais devagar e comedida do que antes, mas os reflexos já não estavam lá. Em vez de trazer calma, minha tentativa de simular a antiga normalidade só o deixou ainda mais abalado. Hoje, quando cheguei em casa, ele rosnou como se eu fosse um estranho. Nem o som da minha voz fez com que ele me reconhecesse. Me abaixei, ofereci as costas da minha mão para ele. Só assim ele conseguiu me identificar. Talvez eu esteja vendo coisas onde não existe nada, mas realmente me pareceu que ele ficou constrangido e sentido por não ter percebido logo quem eu era. Estou tentando não me abater, tentando transmitir a força que eu sei que meu amigo precisa nesse momento. Me identifico em voz alta toda hora. Sempre aviso quando vou encostar nele, quando chega a hora de aplicar os remédios que eu torço que tragam de volta um pouco da sua capacidade de enxergar. Descrevo o que está acontecendo, quem está por perto, o que ele está prestes a comer. Não sei se estou fazendo a coisa certa. Torço para que os meus monólogos façam algum sentido aos seus ouvidos. Faço isso para que a minha presença o conforte de alguma maneira. Para que ele tenha a segurança de que eu seguirei ao seu lado como guia, como protetor, como família, como quer que ele precise de mim. Algum bem, alguma diferença para alguém eu tenho que fazer nesse mundo. Ruídos que só agora eu posso notar Objetos inanimados parecem espernear Eu caminho temeroso tentando me equilibrar O chão se mexe, as paredes mudam de lugar A escuridão é tanta que eu nem sei se meus olhos estão abertos ou fechados Proximidade, eu já não sei calcular Perto ou longe, eu não consigo julgar Eu me choco contra a solidez do ar Eu abdico do que for preciso abdicar A escuridão é tanta que eu nem sei se meus olhos estão abertos ou fechados Caiu um raio bem do nosso lado foi um susto inimaginável eu nem me reconheci de tão apavorado Eis o breu Está perdido quem se deixar enganar pela traiçoeira quietude do breu Minha busca é por qualquer resquício de bravura que ainda resida em mim Mas qual bravura ainda reside em mim? Eis o breu Por que isso tinha que acontecer logo com você? Por que justamente com a gente? Por que isso tinha que acontecer logo com você?
12.
Quantos dias de agonia em que eu me exigia perfeição? Como se fosse essa a questão, como se fosse essa a questão, A existência se esvazia luto, ressentimento e autocomiseração Como se fosse essa a questão, como se fosse essa a questão Perdoa a minha irritação Sobrevivendo a mim mesmo, ressuscitando a mim mesmo Tão pouco se controla, quase tudo vem por imposição Mas não é bem essa a questão, não é essa a questão E se eu também estiver passando por um processo de desumanização? Mas não é bem essa a questão, não é essa a questão Perdoa a minha irritação (Nasce um saqueador) Sobrevivendo a mim mesmo, ressuscitando a mim mesmo Algo em mim se quebrou, algo em mim se quebrou Sobrevivendo a mim mesmo, sobrevivendo a mim mesmo, ressuscitando a mim mesmo, Eu, sobrevivendo em mim
13.
Todo um universo se origina e se sustenta nos raros segundos em que seus olhos se fixam nos meus Em rota de colisão, quem desvia primeiro? Fantasia irrealizável, porém inabandonável Desejo incendiário, impulso que, a contragosto, eu combato Em rota de colisão, quem desvia primeiro? Só o som da sua respiração me acalma, me acalma, me acalma Eu não quero que você pense que eu estou me afundando, embora eu esteja Em rota de colisão, quem desvia primeiro? Só o som da sua respiração me acalma, me acalma, me acalma Não tem mais urgência alguma, não tem mais importância alguma Tão precioso é o novo dia, tão precioso é o novo dia

credits

released May 20, 2022

Gravado e mixado por Zeca Leme no BTG Studio.
Masterizado por Fernando Sanches no Estúdio El Rocha.
Assistentes de gravação: Luigi Sucena, Luiz Ortega e Heitor Amaral.
Assistentes de mixagem: Renan Martins, Willian Kevin e Luigi Sucena.

Produzido por Jair Naves e Zeca Leme.

Todas as músicas e letras por Jair Naves.

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Jair Naves São Paulo, Brazil

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São Paulo/Los Angeles.

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